El Libro de Lila, estreia de filme de animação colombiano

Estreou na Colômbia o primeiro filme de animação infantil dirigido por uma mulher no país. A história fantástica “El Libro de Lila” foi levada às telas do cinema em 2017 depois de quase oito anos de produção pelas irmãs Marcela e Maritza Rincón, da produtora colombiana Fosfenos Media, em coprodução com a Palermo Studio, do Uruguai. 

Vejam o trailer do filme!

Frame de “El libro de Lila”. DIvulgação.

As irmãs também são criadoras do programa de TV infantil “Guillermina y Candelario” (Señal Colombia), série exibida em vários países da América Latina, inclusive no Brasil, pela TV Brasil, e que ganhou o primeiro lugar no Festival comKids Prix Jeunesse 2017 – categoria até 6 anos ficção e não ficção. 

“El Libro de Lila”, dirigido por Marcela e produzido por Maritza, já foi contemplado com sete prêmios de fundos públicos nacionais e internacionais, desde o roteiro, o desenvolvimento e a produção. O filme conta a história de Lila, uma menininha que vive no mundo mágico de um livro e sai, por acidente, para o mundo real. Correndo o risco de desaparecer, ela terá que recorrer a Ramón, o menino que deixou de ler o livro de Lila. Uma metáfora sobre o valor da memória, dos livros e do crescimento em meio às novas tecnologias. 

O mundo real é inspirado em Cali, cidade onde as produtoras cresceram, e o mundo fantástico de papel tem referências das paisagens colombianas. Marcela, diretora do filme, falou ao comKids sobre o processo de criação e de produção do longa.

– “El Libro de Lila” é uma coprodução entra a Fosfenos Media e Palermo Estúdio, do Uruguai. Como foi essa experiência? Como essa coprodução contribuiu com respeito ao financiamento e ao processo criativo?

Para nós, foi uma grande honra ter tido Palermo como coprodutores, foi uma equipe que aportou muito ao projeto, especialmente na etapa de desenvolvimento, já que o Alfredo Soderguit e toda sua equipe realizaram um grande trabalho de desenho de produção, que incluiu o design de personagens, concept art, acompanhamento do processo de storyboard e os demais processos que foram realizados ao cabo da pré-produção do longa. Graças a essa coprodução obtivemos um prêmio da Ibermedia para cobrir alguns dos custos do processo de produção.

– A produção levou mais de sete anos de trabalho e foi feita na Colombia, mais especificamente em Cali, onde está a Fosfenos Media. Cali é um lugar de tradição cinematográfica, mas como foi a tarefa de formar uma equipe de talento local para um filme de animação feito fora de Bogotá?

Esse foi um dos maiores desafios desse projeto. Em Cali na existem escolas de animação, de forma que tivemos que fazer algo como um “casting de talentos” na cidade, onde encontramos grandes artistas visuais, gráficos, plásticos etc. os quais gostavam de animação e contavam com alguma experiência, identificamos os seus pontos fortes e formamos uma equipe em um esquema de produção muito singular. Foi um trabalho muito interessante, como uma oficina de criação coletiva, onde em conjunto íamos buscando a forma de abordar e resolver os desafios artísticos que o filme nos trazia.

– “El libro de Lila” fala da importância da memória e da leitura. Mas também fala do crescimento. São temas transformadores para as infâncias. Como falar deles para as crianças com fantasia e de uma forma atraente?

Fala de temas profundos nos conteúdos dirigidos ao público infantil significa um grande desafio, no caso de “El libro de Lila”, o principal foi planejar a aventura e a memória. Foi algo muito orgânico fazer com que esses temas se desenvolvessem na trama. Não é algo forçado nem muito menos, didático, sinto que as mensagens que o filme deixa são poéticas e apontam a diferentes níveis de relflexão. A partir da estreia do filme nas salas de cinema da Colombia, foi muito emocionante receber uma quantidade de mensagens nas quais crianças, jovens e adultos se sentiram tocados pelos temas que a história aborda. Isso nos deixa muito feliz.

– O filme foi producido com o apoio de bolsas e reconhecimentos oferecidos por fundos de financiamento públicos, desde a etapa de roteiro. Vocês poderiam nos contar um pouco mais a respeito do orçamento?

O orçamento do filme foi de um milhão e meio de dólares, uma parte significativa dessa cifra foi obtida por meio de fundos locais, nacionais e internacionais que estimulam o desenvolvimento do cinema e das artes. Outra importante cota se conseguiu por meio de apoios em sua maioria institucionais, que aportaram ao projeto de uma forma ou de outra.

– Vocês já desenvolvem um projeto muito conhecido de programa infantil de TV, a série Guilhermina e Candelario. Quais são as principais diferenças entre o ato de se fazer TV e produzir para as telas de cinema?

Temos diferenças em todos os sentidos. No narrativo, o cinema te dá muitas possibilidades. Houve um grande trabalho de exploração e busca tratando de encontrar a melhor maneira de contar a história. Isso é um trabalho árduo quando se trata de um longa-metragem, é muito dispendioso e rigoroso, mas, ao mesmo tempo, te dá certas liberdades, é uma obra mais autoral em nosso caso. Em um nível artístico, há uma exigência muito maior, o cinema é uma linguagem mais sofisticada, mais poética, mais cuidadosa. Em um nível técnico, um projeto dessas dimensões é um monstro, é preciso solucionar muitos detalhes que atravessam transversalmente todo o processo e que são definitivos para conseguir bons resultados. Finalmente, em termos de produção, administração e temas jurídicos, a produção de um longa-metragem demanda um grande esforço, nesse projeto participaram 160 pessoas, e fazer o manejo de uma equipe tão numerosa é um grande esforço.

Frame do longa. Divulgação.
Frame do longa. Divulgação.

Vejam o making of da produção!

Posts relacionados