22 anos do Divercine: uma história compartilhada

Por Ricardo Casas
Diretor do Divercine – Festival Internacional de Cine para Niños y Jóvenes

A história ocorre em círculos, ao menos é o que dizem alguns teóricos. Às vezes, surge um grãozinho que pode chegar a crescer se realmente for útil ou simplesmente ter vida curta.

Divercine surgiu num momento histórico particular na América Latina e no mundo. Em 1991, somente a Disney chegava ao Uruguai e sempre com a mesma  história, vestida com diferentes roupagens. Na televisão: Xuxa, Cacho Bochinche, Chiquititas estreando e o Chaves … uma coisa linda! As conseqüências nós vemos hoje … e não vamos cair na bobagem de jogar a culpa de tudo na mídia. Ela é apenas um sintoma de uma sociedade que não considera as crianças como seres humanos, com direitos e deveres.

Ricardo Casas no ato de entrega de prêmios do primeiro Divercine (1992).

Na época, em nosso continente, também não havia muita coisa. No Brasil, uma experiência muito bonita chamada Cineduc, a cargo de Marialva Monteiro, no Rio de Janeiro. Pablo Ramos já estava trabalhando no Festival del Nuevo Cine Latinoamericano de Havana, com a criação de um espaço para a “Educomunicação” de nossas crianças. E um festival que nunca chegamos a saber muito, na Ciudad Guayana, de cinema latino-americano para crianças.

Com pouco contato dos colegas latino-americanos, foi somente depois de alguns anos que nos encontramos e nos conhecemos em Munique, em um festival da Fundação Prix Jeunesse Internacional, onde começamos a trabalhar juntos e a gerar espaços de trabalho em comum.

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Reunião da América Latina em Munique: Pablo Ramos, Beth Carmona, Ricardo Casas, Representante de Unicef, Adelaida Trujillo, Verónica Uman, Bernardita Prado.

O 4° World Summit, uma iniciativa do Midiativa e da MultiRio que aconteceu no Rio de Janeiro, também foi um ponto de encontro para os poucos loucos que dedicaram seu tempo a apontar e juntar as obras de qualidade feitas para crianças e jovens. Muitas vezes o motor para gerar esses espaços latino-americanos foi a educação. Em nosso caso, foi mais a formação de públicos, marcada pela Cinemateca Uruguaia,  instituição que criou o Divercine.

Pouco tempo depois, apareceu Liset Cotera, na Cidade do México com a La Matatena, uma organização que realiza seu festival e oficinas de animação para crianças, um trabalho de muitos anos e muito carinho.

Logo Susana Velleggia começou a organizar o Nueva Mirada, festival que nasceu no Mar del Plata e se instalou definitivamente em Buenos Aires, com abertura a outras salas argentinas e com um trabalho bem interessante para a elaboração de políticas públicas para o audiovisual dirigido às crianças e jovens. Aparece no panorama o CIFEJ, o Centro Internacional del Cine para Niños y Jóvenes que, por meio de políticas, tenta incorporar agentes do continente e da Europa oriental, porém com poucos resultados concretos. Finalmente Bolívia se anima a ter um festival também, o Kolibrí, dirigido por Liliana de la Quintana.

Com Liset, Jo-Anne, Marialva e Liliana.

E o panorama mundial não é tão “superdesenvolvido”. Um lindo festival em Amsterdam, chamado Cinekid, apoiado por políticas estatais de fomento à produção audiovisual de qualidade para crianças; algo que se mantém apesar das alternâncias de governos na Holanda. Na Alemanha, o Kinderfilm Fest, seção infantil da Berlinale (que, agora, leva o nome de Generation Plus),  começamos juntos e nos apoiamos até hoje, com conceitos claros e compartilháveis. Em Chicago, há um grande festival com uma programação grande e que chega a muitas crianças norte-americanas. No Japão, o Japan Prize se apresenta como um festival mais voltado à televisão educativa para crianças. O festival de Giffoni, na Itália, às vezes convida estrelas de cinema como Robert De Niro que, nem sempre, estão vinculadas ao cinema infantil. Um lindo festival em Rimouski, uma cidade nas montanhas de Montreal, no Canadá, oferece programação em 5 salas de cinema, que ficam cheias de escolares,  sempre muito organizadinhos. Algumas experiências mais interessantes na Alemanha, França, Canadá, Polônia, Letônia e nos países nórdicos, que ainda contam com importantes produtores de bons filmes para crianças e jovens.

As crianças não votam. Será por isso que não recebem a atenção que merecem? Existem experiências muito interessantes como a iraniana, onde surge um cinema muito potente, a cargo de cineastas famosos, que põem crianças nos papéis principais de quase todos seus filmes; como Kiarostami, Panahi, etc. Todos eles integrantes de uma instituição que se chama “Para o desenvolvimento intelectual de crianças e jovens”, criada na época da ditadura e potencializada pelo governo surgido da revolução. Na Índia também há um movimento forte com o audiovisual infantil, desde muito tempo, com suas modalidades e usos do tempo tão particulares porém sãos, em uma sociedade tão antiga quanto desconhecida. Devemos mencionar também o Observatório Europeu de Audiovisual Infantil, que também tem uma trajetória importante e necessária, em um país (Espanha) que também encara os mesmos problemas que nós, latinos. E os australianos que são uma ilha muito especial – conseguiram um importante apoio do estado para melhorar sua produção de cinema e televisão.

Por que Divercine?

A diretora do Instituto Interamericano da Criança e do adolescente, Dra. Eugenia Zamora, chega à Cinemateca Uruguaya acompanhada por Ana Ma. Sineiro, e elas pedem a Manuel Martínez Carril uma mostra de filmes para crianças. Os poucos filmes que estavam no arquivo da instituição já estavam gastos de tanto serem projetados. Mesmo assim decidem fazer uma mostra de filmes infantil. Encomendaram a busca de material, que se podia conseguir, para armar uma programação. Nesse momento descobrimos uma produção bem interessante que podíamos solicitar, traduzir e projetar e que tinha origem, majoritariamente, da Europa.  Escolhemos a Sala Lanterna Mágica com 600 assentos em seus dois andares, dentro do Centro Proteção de Choferes. O primeiro Divercine foi tão bem que a sala ficou pequena. A presença de tanta gente fez com que ocupássemos as duas semanas de férias no segundo ano. O catálogo cresceu e as ambições também: convidados, atividades no hall da sala, sempre com a ajuda de Eloy Yerle, que nos aportava uma cadeira gigante, um banheiro com luzes, um espaço com câmeras.

Com os atores do filme “Menino Maluquinho”.

E os amigos entenderam desde o começo do que se tratava o projeto. O primeiro foi o então diretor da Unesco  (Escritório de Montevidéu): um mexicano integrado a nosso país, lutador tanto como nós. Criou o Prêmio Unesco que, inclusive, ele mesmo entregava ao diretor do melhor filme ou vídeo da América Latina e do Caribe. Até pouco tempo atrás, esse foi o único prêmio em dinheiro que tivemos no Divercine; uma experiência que durou 19 anos.

Logo a Unicef também entendeu que o Festival era um bom aliado para melhorar a situação da infância e nos apoiaram neste projeto, que vai além da exibição de bons filmes e programas de TV de todo o mundo.

Logicamente, o Plan DENI, que significa DE NIÑOS (“de crianças”), foi o sócio natural. Com Eloy e a família Pígola no começo, e com Carla Lima agora. Fica difícil imaginar um Divercine sem esses amigos que tanto nos apoiaram e apoiam há tanto tempo para a formação das crianças diante de uma tela (seja a do cinema ou a da TV) que, normalmente, não os inclui.

Víctor Iturralde dando uma oficina nos começos do Divercine.

Pouco a pouco os amigos atuais foram se incorporando, como: o Ministério de Educação e Cultura; Ministério de Relações Exteriores; Intendência de Montevidéu; INAU (que tem, a cada ano, uma cota para que suas crianças entrem gratuitamente no festival); SIGNIS, com seu prêmio e jurado especial; e, agora, com o grande apoio do ICAU (Instituto de Cine y Audiovisual del Uruguay) criado recentemente e com uma contrapartida de dinheiro, o Instituto nos permite pagar alguns dos gastos de um festival pequeno mas com uma grande programação e retorno para a sociedade.

Princípios

Desde o primeiro ano, através do Regulamento do festival e de toda a promoção – tanto no Uruguai como nas sub-sedes – nos propusemos certos princípios inspirados no trabalho realizado habitualmente na Cinemateca:

-Programação de qualidade: trazer ao Uruguai os filmes, programas de TV que foram destaque em outros festivais de primeiro nível e também criadores de reconhecida trajetória, buscando o melhor dos dois últimos anos, com retrospectivas de países, autores ou gêneros que mereceram máxima atenção;

– Laboratório com crianças e jovens: oferecer diferentes oficinas já existentes em todo o mundo que possibilitem as primeiras experiências infantis com a linguagem audiovisual. É pelo fruto que se conhecem as árvores. Algumas oficinas já têm mais anos que o Divercine.

Fila de crianças em Santiago do Chile para ver o Divercine.

– Diversidade: o título do festival não é caprichoso nem casual. Justamente por isso, tivemos que demonstrar que havia outras histórias, mais criativas, mais aptas para um público infantil,  mais atuais e reais, no meio à fantasia que as crianças buscam em toda história. Naquela época não se falava tanto da diversidade como hoje, quando já a Unesco a tomou como bandeira de suas ações. Diversidade esta tão saudável como necessária para o feliz crescimento de todo ser humano.

– Diversão: um dia, no primeiro ano do festival, uma menina se aproximou e nos disse “vou à escola aprender e ao cinema vou para me divertir”. Esse conselho nos serviu como premissa até hoje. Tanto é que mudamos o regulamento, excluindo os materiais unicamente didáticos. Isso não implica somente programar obras alegres, como nos aconselhavam algumas professoras (porque existem filmes que tratam temas duros da vida de qualquer criança); mas toda a curadoria dedicada a encontrar obras enfocadas a uma sensibilidade infantil.

– Idades: Reconhecer as diferenças das crianças por idade. É por isso que dividimos a programação em três faixas, que logo crianças e adultos selecionam de acordo com o desenvolvimento de cada um. Há crianças que ficam as três horas e meia e outros que, com uma hora, já estão satisfeitos. É que a primeira hora é recomendada para 3 anos em diante, a segunda hora para maiores de 6. Um longa-metragem, diferente a cada dia, com um público-alvo definido desde o catálogo.

– Respeito à sensibilidade do público-alvo do festival (ainda que muitos adultos gostem sempre do Divercine): Isso não significa que damos obras bobinhas ou sem profundidade. Pelo contrário, não censuramos os temas que podem ser tabu para os adultos nem convidamos obras de “êxito assegurado. Apostamos na geração de inquietudes em todos, pensar e discutir pelas distintas formas, nas que os criadores buscam se comunicar com o público.

Neste aspecto, devemos reconhecer que sempre tivemos muita liberdade para programar no Uruguai, apesar de que não foram poucas as críticas, de todos os lados!!

Distribuidores e exibidores – grandes ausências

Desde o primeiro ano, o regulamento do festival tem entre seus objetivos acolher boas produções para os distribuidores e exibidores locais adquirirem e difundirem pelos canais existentes.  Lembro que foi preciso três diretores do Canal 5 para finalmente comprassem o “Castelo Rá-Tim-Bum”; e, finalmente, José Luis Guntín o comprou. O próximo diretor da casa comentava que tentou tirá-lo da programação, depois de repetir várias vezes, mas que as ligaram em massa e ele teve que repeti-la outra vez. Quando há séries tão boas nos países vizinhos não podemos ignorá-las, mas não é fácil, especialmente quando se comprava o pacote de animações em Miami, e principalmente quando estava em questão os valores de aquisição também. Esse programa da TV Cultura mudou o panorama audiovisual latino-americano, demonstrando que um canal público podia fazer um programa de qualidade para crianças e competir com qualquer canal do mundo.

Reunião da ALA (Alianza LatinoAmericana) em São Paulo Ricardo Casas, Kika Vara, Rosa Crescente,Vilma, Regla Bonoro, JanWillem Bult, Patricia Castano, Beth Carmona,Veronica Uman, Cielo Salviolo e Veronica Fiorito.

Uma imagem pode mais …Nossa programação sempre incluiu programas de televisão, inclusive alguns conteúdos polêmicos para ver se geravam algum tipo de reação. Por exemplo, fomos os primeiros a apresentar séries como Teletubbies no nosso país. Tudo indica que não há muito debate no Uruguai, muito menos em temas da infância, sem falar do audiovisual. Mas nosso aporte está aí, num ano e no outro também, para quem quiser ver. É muito agradável nos encontrarmos com algumas crianças do público do Divercine. Muitos que entraram no cinema pela primeira vez nas sessões que nós programamos, hoje está ocupando cargos importantes em instituições internacionais que atendem às crianças. Como também ver ex-alunos dos cursos de cinema de Eloy ou do Plan DENI se destacando em diferentes tarefas artísticas e/ou empresariais do país.

Nos primeiros anos, buscávamos desenhos de crianças para os catálogos do Divercine. Tentamos uma aproximação e fizemos concursos com a Educação Primária, até que optamos por nos profissionalizar e encarregar o trabalho aos ilustradores. A cada ano, a Unicef fazia um chamado e tínhamos um desenhista diferente. Todos eram muito bons mas não chegávamos a uma continuidade na imagem do festival, como ocorre normalmente com os festivais. Foi assim que em um ano combinamos de eleger um ilustrador que fosse permanente. Então surge Sebastián Santana com três desenhos que nos impactaram.  Unicef e o Divercine concordaram com essa boa mudança para um futuro colaborador que já cumpre 10 anos de boas imagens, tanto para cartazes como para o catálogo, site web e toda as formas de promoção do festival.

Ricardo Casas como jurado de “Generation Plus”, seção infantil do Festival de Berlin, com Maryanne.

Não se trata de encher os olhos e chegar ao sucesso de forma fácil, não é  esse o espírito do Divercine. Se trata mais de dar uma ideia de coerência e profissionalismo em todas as formas de comunicação do festival. Uma criatura que já cresceu e, a cada ano, espera chegar a mais crianças.

Os Amigos

Um festival é uma festa, neste caso do cinema e da TV para crianças. Os amigos convidados sempre geram expectativas e momentos concretos para celebração e crescimento coletivo.

Nestes anos todos são poucos, mas bons amigos. Nossos orçamentos sempre foram pequenos e, por isso, é que baseamos  e nos concentramos em realizar uma boa programação, gastar mais em filmes e não tanto em convidados.

Me lembro de Víctor Iturralde, um animador argentino inesquecível. Antes de qualquer coisa, uma grande pessoa que criou um estúdio de animação praticamente do zero, e que também nos deixou um desenho para o cartaz do ano seguinte, apoiando com seu talento um festival que começava e precisava de muito apoio.

Da Argentina também nos acompanharam desde sempre e com aportes significativos. Tanto Pablo Rodríguez Jáuregui, o animador rosarino que tantos bons curtas nos enviou nesses anos, como Emilio Cartoy Díaz, jurado e difusor do Divercine, conciliador dos dois lados do Rio. E, também, Juan Pablo Zaramella com seus fantásticos curtas-metragens. Alguns deles começaram sua carreira internacional no Divercine.

“Luminaris”, de Juan P. Zaramella.

Durante muitos anos tivemos uma Mostra Prix Jeunesse Internacional. Curtas de televisão de todo o mundo, premiados por especialistas no tema e selecionados por nós, graças à generosidade da Fundação alemã de nome francês. Os festivais de Munich nos deram também um apoio grande, finalmente sua secretária-geral, Maya Göetz nos visitou em 6 de agosto de 2010 para a assinatura do Compromisso de Desenvolvimento do Audiovisual Infantil no Uruguai, onde todas as autoridades nacionais e organismos internacionais se comprometeram diante das câmeras a desenvolver o tema, na Torre Executiva, sede da Presidência do Uruguai.

Outra alemã inestimável – que nunca veio a nosso país – mas que sempre nos apoiou na obtenção de programação. Renate Zylla, diretora do Kinderfilmfest da Berlinale, nos deu conselhos atentos de uma colega que cresceu junto conosco. Hoje em dia, Maryanne Redpath é sua sucessora.

Michel Ocelot dando uma oficina para crianças do interior do Uruguai.

Mas foram muitos os convidados que nos visitaram nesse tempo. São três jurados por ano, jovens e experientes realizadores, críticos e representantes de Signis Internacional que aportaram seu conhecimento e simpatia ao festival. Marialva Monteiro, Beth Carmona, Andrés Lieban, Bia Barcelos, para mencionar alguns do Brasil. O mais destacado certamente é Michel Ocelot. Ele mesmo reconheceu que o fizemos trabalhar mais aqui que no Rio e em São Paulo (escala seguinte num tour pela América Latina), no momento em que estava apresentando o longa-metragem “As aventuras de Azur e Asmar”. Um grande homem, de verdade. Um personagem que deixou sua marca nas crianças e nos adultos de Montevidéu, e em outros cantos do Uruguai. Pierre Troudeau do Canadá, Janno Poldma da Letônia, Jesús Pérez da Bolívia/Suiça, para mencionar alguns. Também os uruguaios Walter Tournier e Alfredo Soderguit formam parte desta grande família de cinema para crianças e jovens do Divercine.

Mudanças não faltaram

A Cinemateca fecha a Lanterna Mágica em 2005 e o festival fica sem sala. Começa uma longa peregrinação que segue até os dias de hoje. Exibimos o Divercine em Montevidéu no Auditório da ANTEL, na Sala Zitarrosa, na Nelly Goitiño, no Auditorio Vaz Ferreira da Biblioteca Nacional e agora na Sala de Exposiciones Subte. Não existem ainda salas digitais para este tipo de festival na capital que permitam um trabalho com continuidade, como tivemos na Cinemateca Uruguaia. Esperamos que, em breve, existam também para o cinema nacional.

Ainda assim, o Divercine não se limita a Montevidéu. Desde 1993, o festival também foi exibido em outras cidades latino-americanas. A primeira foi Rosário de Santa Fé, na Argentina. Logo se somou Guadalajara, no México e Caracas; a lista é grande, algumas sub-sedes surgem e outras se apagam ou criam seus próprios festivais. O interessante é que nós não saímos em busca delas, foram colegas que, ao saber de nossa experiência, nos pediram para fazer parte deste circuito especial. Todas instituições sérias, sem fins lucrativos, e responsáveis para apresentar o festival da melhor maneira possível.

Como todos sabemos, organizar um festival internacional de cinema para crianças e jovens não é um negócio rentável, é toda uma aventura e requer muito amor ao trabalho, muita dedicação.

Divercine em San Juan de Puerto Rico.

O festival é feito em vídeo porque não temos recursos para trazer 100 cópias em 35 mm de 25 países de todo o mundo. Traduzimos a programação, se introduz “voice-over” nas cópias de exibição em espanhol e, logo, nos asseguramos que as condições de projeção sejam as melhores. Isso faz com que o Divercine seja transportável e chegue facilmente a tantas crianças.

Agora estamos chegando até Puerto Natales, no sul do Chile; uma bonita experiência. E também a algumas cidades e povoados do interior do Uruguai, atendendo a essas crianças que vivem longe dos centros de cultura, mas também merecem que reconheçamos seus direitos de acesso aos bens culturais.

Público do Divercine no Centro Cultural da Espanha, em Lima, Peru.

Divercine é um festival que recebeu alguns prêmios e reconhecimento internacionais, como se pode ver na página web (como nenhum em nosso país), e que continua buscando abrir portas, gerar conhecimento, para que o Uruguai também possa produzir bons materiais para crianças e jovens.

Atualmente com a boa notícia de que, pela primeira vez, estão estreando dois longas-metragens de animação em nosso país: “Selkirk”, de Walter Tournier, e “Anina”, de Alfredo Soderguit. Nos falta a televisão, mas seguramente o futuro que nos brinda a Televisão Digital Terrestre permitirá avançar também por aí. Somos otimistas e, por isso, chegamos a cumprir 22 anos de atividade sem interrupções. Tomara que os jovens agora se envolvam com a tarefa. Tudo isto nós construímos para eles.

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