Me vi te vendo

Cada país com sua história. Em cada família, muitas vidas.
São sotaques, línguas, costumes, consensos,….
Mas quem nos vê de fora nota uma unidade: somos latinos.
Dividimos um território nas Américas e viemos do mesmo berço ibérico.
Eles chegaram pelos mares. Achavam que nos descobriam, só que aqui já tinha gente. Nós somos os que ficamos.
Desde o início, já “pelejávamos” entre as nossas línguas espanhola e portuguesa. Achávamos tudo “esquisito” (também no sentido espanhol), mas nos entendíamos na formação, no convívio e, principalmente, no jeito de ser.
Somos latinos e somos diferentes.
Para nós, antes vem a família. Os filhos são nossas extensões. Uma dádiva, um mistério e um prazer.
Somos de conhecer, confiar, conviver.
Somos de namorar, de sonhar, de imaginar.
Falamos demais, nos tocamos demais, abraçamos, beijamos, celebramos.
É como o Cazuza dizia: nós somos mesmo exagerados.
Nas cores, nos perfumes e nas conversas.
Somos povos de tradição oral, que nos contaram, que nos lembraram, que ouvimos das ruas… Algumas das conversas podem até não ter existido, mas são elas que compõem a nossa história, que nos formaram e ficaram em nossa memória.
Trazemos isso de criança. É isso que nos une e fortalece.
Essa história, essa tradição, os nossos gostos, as nossas cores, as nossas línguas, em geral não estão na TV. Muito menos na programação infantil que, na maioria das vezes, já vem pronta de algum lugar distante.
O sonho das nossas crianças não é tão diferente das crianças de todo o mundo. Mas se reconhecer, notar os nossos rostos e poder dialogar ou enxergar crianças de outras partes do mundo, é bom, faz parte do nosso aprendizado, como pessoas em formação e como profissionais que vivem em outros lugares.

Geraldo Leite

Sócio-diretor da Singular e Direção de planejamento e comunicação do comKids.

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