Educação e mídia para a cidadania

Em tempos de quarentena e de aulas online, educação e mídia se aproximam ainda mais para atender a demanda da continuidade de atividades escolares e formativas em geral. Dentro desse contexto, João Alegria, professor do Curso de Design em Mídias Digitais da PUC-RJ e Gerente Geral do Laboratório de Educação da Fundação Roberto Marinho (FRM), vai ministrar em julho de 2020 o curso “Mídia para Educadores: usos e conceitos”.

O curso, oferecido gratuitamente e de forma online pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, já está com inscrições esgotadas, mas Alegria falou ao comKids sobre o tema. Para ele, a apropriação das linguagens da mídia é uma necessidade para a cidadania plena.

João Alegria. Foto: Acervo pessoal.

comKids – As inscrições para o curso já se esgotaram no primeiro dia. A demanda é grande por informações sobre o potencial da interação entre mídia e educação. Esse foi o estímulo para a criação do curso?
A crise global resultante da pandemia Covid-19 impactou fortemente a educação. No Brasil, redes pública e privadas, entenderam que deveriam buscar alternativas com uso intensivo de tecnologia e conectividade, apropriando-se das diferentes linguagens da mídia. As pesquisas mais recentes, de monitoramento da situação educacional, expõem a extrema desigualdade nas condições de conectividade e também na chamada “fluência digital”, apontando para a urgência da educação midiática. Essa proposta de formação é uma resposta direta a esta situação, oferecendo a educadores a oportunidade de se prepararem para o novo contexto da sua atuação.

Por que é importante aproximar os educadores das linguagens de mídia? A educação pode ser transformada por melhores práticas em mídia?
O mais importante é pensar que tecnologia não é tudo. Que a apropriação das linguagens da mídia é importante e necessária para uma cidadania plena no nosso tempo. Mas, em si, estas variantes, tecnologia e mídia, não transformam a educação. O que temos visto, com mais frequência, é o ensino tradicional e a educação “antiga” sendo empurrada pelos canais de mídia. O educador pode, ao se preparar melhor para lidar com estas questões, levar o uso da tecnologia e da mídia até um ponto de equilíbrio, para que elas possam contribuir efetivamente com uma educação mais engajadora, eficaz e significativa.

O uso de recursos tecnológicos e de mídia na educação é pouco aproveitado ou apropriado de forma muito burocrática em sala de aula. Em uma sociedade com grande mediação por imagens, o audiovisual vai ficar gradativamente mais presente nas escolas? Qual tendência você vê?
A tendência atual é que a tecnologia, a mídia e o audiovisual serão parceiros constantes da educação. No novo contexto, ainda levaremos muito tempo até experimentar de forma plena a educação presencial outra vez. Então, é importante se preparar para atuar com o uso destes recursos, mas também revisitando as tradições da pedagogia e da didática. Os recursos típicos da comunicação na cultura digital precisam ser incorporados de forma correta aos projetos pedagógicos das escolas e professores, para que sejam úteis e justificáveis.

O uso mais criativo do celular é o meio mais democrático nesse sentido?
Sim. O smartphone parece ser o aparato mais em uso na atualidade. Olhar pra ele como um recurso prioritário e presente na rotina das pessoas — por isso mais recomendado — faz sentido. Em geral eles oferecem muitas possibilidades de trabalho, conhecer sua interface, seu uso mais habitual, os aplicativos disponíveis, é algo muito importante. Pois, de fato, o smartphone representa uma possibilidade de transformação nas formas de ensinar e aprender.

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