Festival Internacional Kolibri 2018: Bolívia premia o audiovisual infantojuvenil

O Festival Internacional do Audiovisual para a Infância e a Adolescência Kolibri, da Bolívia, chega à 12ª edição e está de inscrições abertas, até 15 de setembro, para produções infantojuvenis produzidas a partir de 2016.

Agora em versão bianual, o Kolibri abre espaço para obras audiovisuais realizadas para a TV e cinema no formato de séries ou filmes de ficção, animação ou documentais. Produções feitas por crianças e adolescentes (até 19 anos) também podem se candidatar à premiação. Faça sua inscrição aqui!

A fundadora e diretora do festival, Liliana de la Quintana, conversou com o comKids sobre o Kolibri, que será realizado de 8 a 14 de outubro em La Paz, Bolívia, com mostras e também júri infantil.

– O festival Kolibri busca promover a formação crítica audiovisual de crianças e adolescentes. Como são as propostas das mostras e oficinas?
As mostras do Festival se organizam por idade e também por temas como: meio ambiente, a saúde, a diversidade cultural. Nas mostras, um profissional do Festival apresenta as obras, o país em que ela foi realizada e o diretor. Quando se apresenta uma obra com alguma técnica inovadora, amplia-se a informação.

Nos colégios realizamos oficinas de difusão de cinema e vídeo bolivianos. Temos o livro La Linterna Mágica, com os mais importantes realizadores bolivianos e obras de destaque. As oficinas são um grande trabalho que realizamos durante o ano com grupos de crianças e adolescentes. Desde a sua criação, o Festival Kolibri realizou inúmeras oficinas, especialmente em áreas rurais e com crianças e adolescentes indígenas e afrodescendentes. Assim como em bairros urbanos ou grupos de maior vulnerabilidade.

Livro “La linterna mágica” Liliana de la Quintana. Divulgação.

 

Manual de realização audiovisual “Animanual”. Divulgação.

Nas oficinas, temos um espaço muito importante para assistir a vídeos e filmes de outros países e vários gêneros. Depois, há um brainstorm para o tópico que será desenvolvido e o gênero escolhido. Temos um livro com a sistematização das oficinas e uma proposta de como fazer um documentário, uma ficção e uma animação, é o Animanual.

– O festival Kolibri recebe inscrições de obras nacionais e internacionais, é uma iniciativa importante para a difusão de criações audiovisuais de qualidade produzidas para o público infantil e juvenil. Qual é o maior desafio para manter uma rede de divulgação latino-americana de produções feitas para crianças da região?
Construir festivais para crianças na América Latina continua sendo um grande desafio e um trabalho de grande comprometimento de seus diretores e equipes. Em geral, não há apoio econômico permanente para essa tarefa titânica. A cada ano a gente volta a propor o projeto para instituições que já conhecem o trabalho, mas que precisam ser lembrados novamente de seu apoio.

Por outro lado, conseguimos uma relação muito solidária entre alguns festivais, com os quais mantemos informações sobre obras, produtores e diretores, o que nos permite ter conhecimento sobre o que que tem sido realizado de mais relevante para crianças a nível mundial.

E há a Plataforma del Universo Audiovisual del niño latinoamericano y caribenho, que é o espaço para a difusão de festivais, obras, autores, convocatórias e temas de interesse comum. Há duas palavras que resumem de alguma forma o desafio: paixão e compromisso com as crianças.

– Kolibri tem dois tipos de júris, o de crianças e o de especialistas. Incluir as crianças nas análises e reflexões sobre as produções é favorecer mais o protagonismo infantil? Como é esse processo?
O Festival Kolibri põe no centro de todas as suas atividades a presença e a voz de meninos, meninas e adolescentes e é por isso que o Festival tem um júri que premia o Kolibri. Porque se as obras estão destinadas a el@s, é vital saber como percebem essas produções e como repercutem em suas vidas.

As crianças visualizam as obras em seus próprios espaços, acompanhadas por especialistas do Festival e há um guia que lhes permite qualificar as produções. No penúltimo dia do Festival é anunciado o vencedor e na cerimônia de encerramento, o prêmio é entregue. Em algumas edições o resultado coincidiu com a premiação decidida pelos especialistas, mas em outros anos o critério é muito diferente.

– Liliana, você tem uma trajetória muito importante para o audiovisual na Bolívia, para a defesa da representação dos direitos de mulheres, crianças e povos indígenas. A produção audiovisual infantil boliviana avançou na representação da diversidade intercultural do país?
Felizmente, nestes anos, tornamos visíveis os povos indígenas da Bolívia, essa maravilhosa diversidade que molda nossa identidade.

Nicobis, divulgação.
Nicobis. Divulgação.

Desde 1981, quando criamos a produtora Nicobis com Alfredo Ovando, pioneira em vídeo boliviano, nosso objetivo foi mostrar a importante presença dos povos indígenas e temos cerca de 200 documentários. Então abrimos um braço editorial com três coleções de livros para crianças com mitologia indígena da Bolívia, livros informativos sobre as diferentes culturas e outra com histórias de temática ambiental, direitos das crianças, direitos à terra e território e outros.

O vídeo animado mais conhecido é o La Abuela grillo, que pode ser encontrado livremente na internet, e é baseado no meu livro de mesmo nome. É um mito do povo Ayoreo, cujo protagonista é o dono da água, um recurso indispensável para continuar a vida.

Destaco também um programa de televisão nacional que é Muyuspa, que visita vários povos indígenas, mineiros, mestiços e outros que renovaram a visão dos meninos e meninas e destacam a diversidade como um bem positivo.

Vejam depoimento de Liliana especialmente feito para o Festival comKids 2017!

Imagem do destaque: Abuela grillo, divulgação.

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